segunda-feira, 29 de setembro de 2014

a mão

como resistir à última maneira de dizer

talvez deixando uma nesga de fracasso

um naco de pão arrancado

repeti-lo: imperfeito!

nunca nada é infinito

nunca nada é derradeiro

domingo, 28 de setembro de 2014

daqui a pouco será noite, diz o dia
daqui a pouco nasce a luz, diz a treva
de nada nos serve o silêncio

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

beira de mar

sei tudo sobre ti
esse, esse pensamento!
não falhou ao atravessar-te
como este que em ti se quedará
talvez não creias
talvez digas que as palavras são ausências
e os pensamentos omissões
que hoje foi um dia a menos
que hoje a vida é sempre
um dia a menos

se tivesses ao menos um punhado de areia
e vê-la escorrer serena por entre os dedos
e, criança outra vez, cerrar o punho
e repetir tudo de novo

ambulante

até a margem tem um centro
e nele caminha de passo incerto
como quem evita a quase queda no quase rio
a menina da borda d'água

do pudor

acaso grande aquele o de
ter um casaco escuro
corte perfeito

depois de nu ainda
o envergava


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Saturno ao espelho

virar as costas é ainda e cada vez mais
sentar-se lado a lado nas sombras
que o tempo aumenta
ponteiro ímpio
e nu

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

do tesouro

há outras passagens
não acordes o adamastor

desengano

dísticos, dizes?
apenas?
acrescentate-te, pois!

A carta

P.S. Esqueci-me certamente de te dizer
       algo que seria talvez determinante.