segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Orfeu

há um espanto nos velhos 

vêem redonda a vida que estava ali

o casaco desordenado num canto se

tivessem entrado sem perguntas em alguém

a cicatriz de uma queda no mais belo penhasco se

tivessem aberto o mapa como uma criança

os olhos cansados de não dormir se

tivessem ido até ao fim do medo

o fim das amarras

o começo da viagem 

e da nuvem que baila os ventos

se