luz
ao longe
quase fátua
que ninguém viu
assim somos todos
assim são os nomes
que os séculos sopram
e os livros graves encerram
assim as linhas de sangue
e a fotografia de dias felizes
todos um dia mereceram uma linha
que o cosmos sempre apaga
é noite ou é dia, tanto faz,
tudo conspira para nos sossegar
esconde-se o silêncio, o ricto final
e a inutilidade das esforçadas marés
o pássaro de há pouco que já não faz sonhar
os grãos de areia da tarde mais memorável do mundo
depois de ele acabar
esconde-se de quem não viveu que não havia mais vida
que aquela atenção profunda ao som metálico da passagem das horas
que nunca passaram nem voltarão a passar
luz
tão longe