quinta-feira, 26 de julho de 2018
Desde El Alma*
o momento vaga perdido
roda como quem quer voar
e assim redondo se lança num vals
que os meus braços não deixam acabar
só isto te posso prometer ainda que
já não saibas durar
mas há ainda chão e o maestro
ainda nos sabe escutar
sigamo-lo no vals perdido
prestes a começar
* À memória de Nicolás Ferreira, no dia do seu aniversário.
sábado, 21 de julho de 2018
navegantes
estremecemos
entramos na curva do vento
passamos por entre cortinas
de água e lábios de sal
a terra desliza inteira
e nela alamos
desvios
talvez nos percamos
da rota imensa
talvez a seta
seja o anzol de um pescador
que ilumina a noite no Ginjal
talvez a parede roída de tempo
nos ampare a queda mil vezes
calço os sapatos cor-de-poente
e entro na curva do vento
estremecemos
entramos na curva do vento
passamos por entre cortinas
de água e lábios de sal
a terra desliza inteira
e nela alamos
desvios
talvez nos percamos
da rota imensa
talvez a seta
seja o anzol de um pescador
que ilumina a noite no Ginjal
talvez a parede roída de tempo
nos ampare a queda mil vezes
calço os sapatos cor-de-poente
e entro na curva do vento
estremecemos
segunda-feira, 16 de julho de 2018
prestidigitadores
nas suas mãos
há apenas ocaso e olvido
a eterna corrida alegre passando
o umbral de todas as manhãs
no horizonte sempre além
no horizonte de toda a vida
ser um pouco mais à frente
sobra um passo
o próximo
sempre
há apenas ocaso e olvido
a eterna corrida alegre passando
o umbral de todas as manhãs
no horizonte sempre além
no horizonte de toda a vida
ser um pouco mais à frente
sobra um passo
o próximo
sempre
poema póstumo
bani lembranças
corri a memória
abro a janela e o livro sem medo
não me vens deitar a cabeça no colo
não me vens deitar a cabeça no colo
quarta-feira, 4 de julho de 2018
da pertença
pouco se sabe
do poder que tem um verbo
de mudar o caminho das marés
ainda menos se sabe se aquele pouco de som
que assistiu na difícil tarefa de propor aos lábios
que algo é dúctil
ou fero
sobrevive ainda às amarras da língua tua
no corpo mundo
Sur
talvez os gatos tenham sete vidas
pássaros e gente têm
apenas uma
voo único
de um céu rasante
volta sem memória
ao princípio de tudo
toda a vida
toda uma vida
tempo de apenas deixar
que a areia escorregue
por entre os dedos
até ao chão
pássaros e gente têm
apenas uma
voo único
de um céu rasante
volta sem memória
ao princípio de tudo
toda a vida
toda uma vida
tempo de apenas deixar
que a areia escorregue
por entre os dedos
até ao chão
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