só a pétala leve do jacarandá
ou a roupagem da normalidade
um corpo inteiro de sede, não
um corpo inteiro de ser, nunca
quem te roubou sabe
que nada sobra
que nada fica
caminhaste para lá
dos dias
da bela noite
segues sozinho comigo
cozinhas com a minha fome
e bebes dos meus sonhos
e não há truque que não tentes
para me fundear os olhos no horizonte
caravela íntima
cego tropel
o sol dobrou a última linha
grão-luz apenas antes
do eterno olvido
* à memória de Ademar Ferreira dos Santos