talvez o espaço e o tempo sejam afinal
detalhes, arabescos de um longo e impensável logro
somos todos a borboleta branca que veio dançar em roda
e dispôs as pedras em círculo na pele que lhes pertence
somos a orla do mar e o fim da terra
a areia amarga e o sol inútil
quando grita a ausência
pego no cisne de louça
e sinto a asa pintada
intacta
intacta e alegre no seu roçar alado
da vida a começar no olhar atento da mãe
tudo o que uma vez foi
ainda é
* À memória do Márcio