segunda-feira, 26 de julho de 2021

A oliveira*

talvez o espaço e o tempo sejam afinal

detalhes, arabescos de um longo e impensável logro

somos todos a borboleta branca  que veio dançar em roda 

e dispôs as pedras em círculo na pele que lhes pertence

somos a orla do mar e o fim da terra

a areia amarga e o sol inútil

quando grita a ausência


pego no cisne de louça 

e sinto a asa pintada 

intacta

intacta e alegre no seu roçar alado

da vida a começar no olhar atento da mãe


tudo o que uma vez foi

ainda é




* À memória do Márcio