desfiz as flores
os lírios, lírios,
E rosas também
que me deste
teci delas larvas e botões que reguei
e dos campos onde elas nascem
lavrei sóis que terão noite
apenas na estreia
quando vieres
quando eu for
subiremos nove vezes
nove vezes desceremos
os degraus cobertos de flores, rosas,
e lírios também
e entraremos enfim no palco rangente
de todas as mãos que ali se darão
em cenas de eterno improviso
e algum esquecimento
jogaremos a fingir de sérios
a divina comédia em que és apenas
o meu eterno companheiro no mais belo
engano
e se a eternidade tiver um degrau vazio
é lá que deixo
as flores que me deste, desfeitas, amadas,
nascentes
* Ademar Ferreira dos Santos: 9 de Dezembro de 1952-.