sobrevoo a estrada cortada
por farrapos de cinza e ferro
um pouco mais longe, as árvores ainda verdes
cobrem aquela parte da humanidade não-lírica que ama o chão que a sustenta
neste voo só há píxeis
e o vazio da palavra em alta-definição
lá em baixo há gente e coisas tão tangíveis
como o fogo que obsceno lambe a inocência dos mapas a vermelho
o que diz a Protecção Civil e o senhor que tem autoridade
para cortar as irregularidades do descuido naturalmente humano?
corte-se a estrada que já passou!
na eternidade da inacção, haja alguém com decisão!
um pouco mais longe, duas aldeias tombam árvores para fazer uma ponte nova sobre o rio
não há registos do momento debaixo dos pés seguros das crianças
sobrevoo a palavra ecrã
anteparo da realidade
domingo, 18 de junho de 2017
terça-feira, 6 de junho de 2017
Exercício de Estilo
entre põe uma suspeita
calca devagar ou
separa para sempre
lugares mágicos
lugares são apenas tempo
magia é estares nele
lugares pertencem aos sentidos
a magia pertence aos sentidos
e quantos são, os sentidos?
conta devagar, são mais do que pensas
conta pelos dedos ou nos impulsos dos lábios
que se põem a dizer em voz baixa para ver se não escapou nenhum
dos que esperam na lagoa
dos que subiram a montanha
dos que se deitaram na planície
do espaço entre os teus lábios entreabertos
calca devagar ou
separa para sempre
lugares mágicos
lugares são apenas tempo
magia é estares nele
lugares pertencem aos sentidos
a magia pertence aos sentidos
e quantos são, os sentidos?
conta devagar, são mais do que pensas
conta pelos dedos ou nos impulsos dos lábios
que se põem a dizer em voz baixa para ver se não escapou nenhum
dos que esperam na lagoa
dos que subiram a montanha
dos que se deitaram na planície
do espaço entre os teus lábios entreabertos
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