sobrevoo a estrada cortada
por farrapos de cinza e ferro
um pouco mais longe, as árvores ainda verdes
cobrem aquela parte da humanidade não-lírica que ama o chão que a sustenta
neste voo só há píxeis
e o vazio da palavra em alta-definição
lá em baixo há gente e coisas tão tangíveis
como o fogo que obsceno lambe a inocência dos mapas a vermelho
o que diz a Protecção Civil e o senhor que tem autoridade
para cortar as irregularidades do descuido naturalmente humano?
corte-se a estrada que já passou!
na eternidade da inacção, haja alguém com decisão!
um pouco mais longe, duas aldeias tombam árvores para fazer uma ponte nova sobre o rio
não há registos do momento debaixo dos pés seguros das crianças
sobrevoo a palavra ecrã
anteparo da realidade