terça-feira, 11 de setembro de 2018

Âmbar

dezassete dias passados
agosto inverno
três meses
depois

o pátio

receberam-nos um gato e
um manequim quebrado
por entre ramos verdes
de não sei que
primavera

a sala era azul
de um azul anoitecido
na memória del tiempo aquel
quando a moldura não te encaixotava
no pó vago dos lugares altos e inúteis

e não sei em que movimento das horas
se voltou a encher de azul a sala
mas de um azul âmbar
nicho-fonte que me albergou
na curva abismo da noite
na curva abismo do caudal
nascente como
resina

hoje recebem-nos no pátio
um coração-insecto
e os rios frescos
do olvido