se passas num rumor de ferrovia
como a saudar-me de perto
a distância que sabias
desço, desta vez,
deixo que o comboio vá
deixo que me peças que fique
e troco as voltas ao destino
falo-te da passagem pelo Atlântico
do Inverno porteño
da seda a roçar o punho aberto
voando numa sala em Montserrat
da felicidade totalmente inútil
do sentir-tição
as marcas vivas que Camões não vê
Montserrat,
Barrio del Mondongo
sabemos que todo o conhecimento
é inútil, que pôr nomes às coisas
é inútil como já não estares
é não saberes
que estremeci quando passou o comboio
sem saber em que carruagem te encontrar
* Para o Ademar Ferreira dos Santos
9-12-1952(-22-05-2010)