quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Azul*

de zamba

azul da manhã 

em que a chuva não parou

não a deteve a estranha que me avisava

não me deteve a ponta metálica do guarda-chuva

toques insistentes de quantas Parcas que me enviaste?

seguimos, segui viagem até ao cais

repeti o passo pisando a areia do ano em que te perdi

ou a de ontem na praia da Ribeira das Naus

onde naufragam sonhadores e inquietos

azul de zamba

azul da manhã em que sabemos

que apenas passamos

y

te llevó la tarde

rumbo a su misterio


*À memória de Ademar Ferreira dos Santos,

  nascido num dia como o de hoje.