talvez sejas
como as águas do mar Egeu
vagam em sentido contrário ao tempo
antes de se afundarem no seu próprio sal
às portas do oriente
na casa vazia
ouve-se a noite na montanha
e as ilhas abrem-se como braços
e fecham-se como colos
somos imortais
talvez sejas
como as águas do mar Egeu
vagam em sentido contrário ao tempo
antes de se afundarem no seu próprio sal
às portas do oriente
na casa vazia
ouve-se a noite na montanha
e as ilhas abrem-se como braços
e fecham-se como colos
somos imortais
flutuava como um corpo esquecido
mas a esquadria revelou que era Turner
uma aguarela de Turner negra de tanto mar
à deriva
uns passos mais à frente
do lado do mundo que passeia
a serpentina presa na madeira do Tejo
permanecia imóvel ao dia
com a dureza de quem ata
talvez pela última vez
os destinos da tarde
recuei
é preciso revisitar os passos perdidos
e resgatar as mãos de Turner
e da criança alegre no instante circular
de tirar o rolo inteiro da serpentina do bolso
dar-lhe uma coroa pagã e ligeira
uns decretos de cores
histórias por contar