o teatro acabou
depois ele, a velha chinesa
morreu medicada em casa do filho
o novo palco é agora do outro lado da cidade
os dedos dos actores tremem mais agora
as cores de plástico parecem gritar
a sua inutilidade
as cadeiras vão vagando
a incerteza insinua-se, fria,
o gesto falha o contorno do lábio
ou será a boca que já não se oferece
ao disfarce do tempo em laços e máscaras
é insuportável pensar na sala vazia
são os últimos
a sua arte é a última
na grande mesa da única sala comum
ninguém se atreve a tocar na carta solene
alguém pede ajuda com um botão
alguém traz o chá
vem o encontro no meio de todas as vozes
brilha o pó que se anichou nas rugas
é a última performance
todos pedem silenciosamente
que os matem
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