domingo, 20 de novembro de 2011

a bordo

quantos mundos desfeitos
no teu cantar!
mas mais ainda havia
que começavam
e por ali iam agitando-se
nos teus olhos subitamente
tão marítimos
cintilava neles o mar escondido
por nunca ninguém haver nele naufragado

cantavas sem ver que a passageira
tinha largado as mãos da borda

cantavas sem perceber o que diziam
as ondas subitamente
tão revoltas

a cor do fundo do mar
é o seu maior silêncio