não tem rede nem chão
não teme a gravidade
ama só a ilusão
caiu, sim, e agora
definitivamente
dizem,
hábeis na ironia,
os vazios e sentados
os que pagam bilhete
para sentir sangue alheio
nunca fui ver o louco no trapézio
bastavam-me os seus olhos de marinheiro
e as mãos abertas a tocar o balanço das cordas:
último impulso, homem ao mar!
maré a chegar, manhã, amar
pisei o chão com força e descrevi-lhe
os círculos que em fogo via
e dentro ergui-te o rosto
com dedos-cordas
mãos de amar
passas ao longe e eu
conto-te em histórias
de ninguém acreditar
salvo-me