terça-feira, 5 de setembro de 2017

De cuervos y brujos*

nunca mais foi dia claro

a luz toda se escondeu 
nos golpes de asa e nas voltas de chão 
entre os lábios das cordas
sob teclas frementes 
adentro
no toque surdo da pele do tambor
adentro

quando sofre, diz devagar
bombo legüero...
que longe vai o dia claro...
e inteira cai nos braços da noite
uma e outra vez 
e esquece

não voltou mais aonde a esperavam
agora, afaga pupilas e acende rastilhos
e é pão e vinho e ar para a boca dos que penam
em cada golpe de asa e em cada volta de chão 
glosa que grita o sangue que corre nas veias morenas
glosa que grita o sangue com que mordemos o desejo
glosa que a cada momento se precipita para o fundo de tudo
tudo isso é luz! luz que já não pode seguir o seu caminho antigo
presa lenta da espera do movimento seguinte, esse de onde nascem
os reflexos de ti.


* a partir da versão da"Zamba de Lozano"por El Cuervo Pajón y los Brujos