a luz toda se escondeu
nos golpes de asa e nas voltas de chão
entre os lábios das cordas
sob teclas frementes
adentro
no toque surdo da pele do tambor
adentro
quando sofre, diz devagar
bombo legüero...
que longe vai o dia claro...
e inteira cai nos braços da noite
uma e outra vez
e esquece
não voltou mais aonde a esperavam
agora, afaga pupilas e acende rastilhos
e é pão e vinho e ar para a boca dos que penam
em cada golpe de asa e em cada volta de chão
glosa que grita o sangue que corre nas veias morenas
glosa que grita o sangue com que mordemos o desejo
glosa que a cada momento se precipita para o fundo de tudo
tudo isso é luz! luz que já não pode seguir o seu caminho antigo
presa lenta da espera do movimento seguinte, esse de onde nascem
os reflexos de ti.
* a partir da versão da"Zamba de Lozano"por El Cuervo Pajón y los Brujos