também sou artesã, sabes,
moldo a arte de estar
crio tempo
improviso memórias
e submeto o fugaz
com chicote
podes ler o que foi
e riscar as palavras
a tinta ou fuga
a tinta é frágil
como o papel
como o ser
talvez só a ideia
do livro azul
seja eterna
mero caderno
de uma viagem
por acontecer
café cais
de um porto
desconhecido
canto seguro
que vê passar
ventos e marés
de onde estou
as gentes e os bens
parecem-me fantasmas
de palpável
só a tua espera
e a caneta pousada