quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Goya, 10h30

também sou artesã, sabes,
moldo a arte de estar
crio tempo

improviso memórias
e submeto o fugaz
com chicote

podes ler o que foi
e riscar as palavras
a tinta ou fuga

a tinta é frágil
como o papel
como o ser

talvez só a ideia
do livro azul
seja eterna

mero caderno
de uma viagem
por acontecer

café cais
de um porto
desconhecido

canto seguro
que vê passar
ventos e marés

de onde estou
as gentes e os bens
parecem-me fantasmas

de palpável
só a tua espera
e a caneta pousada