domingo, 3 de dezembro de 2017

Crepitante

Não se ateia fogo com fósforos usados
Morreremos pois desse frio triste
Da palavra que não lasca
Pedra inútil e vazia
Cópias magras e infelizes 
Inutilmente iguais e acabados
Arde ou não arde
Arde ou não arde
Cabeça breve
Cabeça chã

Qualquer coisa é chama
Qualquer coisa arde
E não se vê
Chamem Camões bombeiro
E os Sapadores da normalidade!
Em cada fósforo um verso a incandescer
No imenso mar gelado de não ter nada para dizer...

Fogo é e será sempre a palavra que deixas nascer
Que já nasceu e te toma com tanto desconcerto
Que não saberias nunca mais dizer
Outra