domingo, 12 de agosto de 2018

49*

Conta-los um a um
Compasso de sangue
Espera lenta
Matriz mãe
Amarga

Desse sangue cantado
Sobram-te as veias e a garra
Noites a querer guardar o tempo
E bordas de tangos que mal aguentam
As mil quedas em que te precipitas

Desse arresto tentado
Sobram-te os voos redondos
E o passo amoroso em 4 ou 8 ou 16
Que o mestre sempre te quis livre
Tempo de um mate quente
Que se sorve lento

Ideia inviolável
Um corpo inteiramente vivo

Matéria breve
Célula mãe
Nascida

Dia arrebatado às cinzas,
Este


*Para Jorge, depois do transplante.