na venda do recheio
todos os copos de vidro fino estavam intactos
as porcelanas e cristais nas suas devidas montras
as rendas habilíssimas de todos os sábados e domingos
imaculadamente à espera
a terrina de decoração
as garrafas de decoração
a vida de decoração
tudo conservado
imaculadamente morto
bebo um café clandestino
enquanto espreito pelo postigo
mãos rápidas repõem o dia
tudo será destruído
"já ninguém quer"
dizem
com as mãos sujas
abrimos uma garrafa
brindamos ao fim do tempo
estas linhas gravam apenas
o gesto que limpou do canto da boca
a doce gota de vinho