terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Carta a Mariana Alcoforado

Mariana,
tenho estado em Beja
os campos continuam imensos
tão vazios que quem por lá passa
torna-se belo
o convento ainda tem todos os cadeados
mas todas as portas se abrem e ninguém estranha
que haja vento e que as folhas mudem todos os dias de lugar
tenho estado em Beja,
Mariana
e não há, não se encontra, irmã
um canto inteiro e fechado de mágoa e amor
uma só janela e apenas um sol
as tuas paredes são agora espelhos, Mariana
pedaços tão pequenos que não deixam a alma espreitar
e a tinta e o papel, os teus tesouros, bem o sei!
deixaram-nos secar e morrer
lá longe

Mariana,
deixo Beja amanhã