era seguro o lugar onde o mundo estava
o planalto era o trampolim dos olhos ágeis
e brincávamos sempre na borda dos precipícios
na total certeza da entrega do corpo ao peso do aqui e agora
não haver amanhã era uma evidência que só a manhã desfazia
mas havia gente com olhos a prazo, gente com o olhar gravemente perdido
e não era numa palavra-mágica que de repente os transportasse para um reino
não
era o olhar perdido nos prazos expirados ou pendentes, nos fracassos amealhados
em vez das moedas de oiro que só luziam porque os nossos olhos compreendiam o sol
na rua, ninguém respondia à criança à janela
porque ninguém ouvia nenhum tom
nenhuma cor