quinta-feira, 24 de maio de 2018

só assim se pode dizer:
morir de amor

morrer de morte lavrada em auto, não
morrer de homenagens derradeiras, não
morrer de lápide e fotografia, não

afasto todas as mãos que não te cuidam
mordo quem de ti se abeire de cara tapada
escorraço coveiros e comadres
mato os abutres
convoco deus
o teu

digo-Lhe
morir de amor

era esse o único plano
era esse o único plano!
depois, um dia, sim, morrer apenas
da morte de decidir a cor do caixão
da morte que guarda relíquias em gavetas
da morte que chora, recorda e depois esquece

morir de amor é a única morte possível
a única que sabíamos
a única que dizíamos
tempo adentro

digo-Lhe
este é o nosso mistério
nunca O alcançarás