viajo para a frente
estou prestes a ler o improviso
que arrancarias destes estranhos dias
vou a tempo de te dizer que não é verdade
que me fuja sempre o pé para a dança do adjectivo
vou ainda a tempo de te contar Paris de luz apagada
Paris sem Prévert nem Blake
cegos ambos para olhos de mar que me tragam
songs of innocence and of experience
Paris sem tangos cantados a meio da tarde no boulevard
incessantes partidas e portas fechadas
estou a tempo de te contar
e esperar pelo que vais tecer
que andei pelos cantos do Sul
que saberias reconhecer
excepto um
o nicho perfeito, a pele quente
o compasso de espera
antes
* Para o Ademar Ferreira dos Santos
09/12/1952 - 22/05/2010