de tudo o que se desfaz e acaba
quanto nos fica nas mãos
quanto salva a memória?
entreguei-te ao Sul
andas por Santiago
por Neuquén
Nîmes
perco-te de casa
das gavetas fechadas
dos quartos cheios de tudo
passeias no mundo que temias
e amas o imenso redondo da Patagónia
as montanhas do Chile e as cores das travessias
o marchand de fleurs com olhos de mar
(que nome lhe darias?)
com todos te sentas à mesa
contando os dias
e por não teres já mão no destino
esperas-me em La Nacional
ou no Goya
e da letra do tango que te ensinei
dizes os versos que sabes que amo
brillaban tus ojos negros
claridad de luna llena
e continuas a escrever.
*Ao Ademar Ferreira dos Santos (09-12-1952 - ...).